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As mulheres em destaque na Flip 2019

  • Foto do escritor: Redação
    Redação
  • 5 de jul. de 2019
  • 3 min de leitura

Não tem jeito. A Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) continua sendo o festival mais prestigiado dos livros no Brasil. Neste ano, o autor celebrado é Euclides da Cunha e sua obra “Os Sertões”. Mais do que o programa oficial tende a antecipar, contudo, uma certeza é a de que o festival promete trazer uma forte carga política. Não era para menos. Em um momento de instabilidades e ataques às liberdades individuais, de opressões e tristezas, a festa literária promete ser um rincão de clareza.


Entre os convidados, mais especificamente as convidadas, há várias que me chamaram a atenção (e que pretendo ver de perto, uma vez que neste ano me planejei e conseguirei ir ao festival!). Algumas delas, como a americana Kristen Roupenian, autora de Cat Person e outras histórias, eu já citei em minha coluna. Só relembrando: Cat Person foi aquele conto que causou furor ao ser publicado na New Yorker e rendeu à autora um contrato fresquinho para uma nova leva de histórias. O resultado é um livro bem bom, mas com contos que não impactam tanto quanto a narrativa crua e extremamente verossímil de uma jovem e suas desventuras amorosas em tempos de smartphone e masculinidades tóxicas. Kristen dividirá a mesa com a canadense Sheila Heti, autora de “Maternidade”, que reflete sobre o ato de ter filhos numa lógica autobiográfica quase ensaística. Ainda não li, mas está na lista.


Entre as brasileiras, destaco a presença da cearense Jarid Arraes, cujo primeiro livro, uma pequena obra prima em cordel, celebrou heroínas negras brasileiras, e que agora lança sua primeira obra de contos: “Redemoinho em dia quente”, também uma série de historias pautada pela aridez do sertão e que relembra as mulheres invisíveis. Estou curiosíssima sobre esta mesa, ainda mais porque Jarid divide os holofotes com Carmen Maria Machado, uma descendente de cubanos que vive nos EUA e escreveu um delicioso livro de contos de ficção fantástica chamado “O corpo dela e outras farras”. Também já falei dela por aqui.


Outra figura imperdível é a da nigeriana Ayobami Adebayo, que escreveu o surpreendente “Fique comigo”. Este livro me fisgou de imediato pela temática: casamentos poligâmicos. A personagem principal é uma mulher nigeriana que se acredita suficientemente segura de manter relações que ela acredita serem somente para reforçar o poder masculino numa sociedade de homens, e se vê presa a uma trama venenosa quando o marido chega com uma nova esposa em casa. A partir de então, com a nova rotina, ela enfrenta um duro calvário ligado também à sua incapacidade de conceber uma criança. A trama deste livro é tão surpreendente que eu o qualificaria, até, como uma espécie de suspense, pela qualidade dos mistérios que vão sendo costurados e revelados. Acho que a autora se perde um pouco na escrita em alguns momentos, contudo, mas estou ansiosa por conhecê-la. 


Há muitas outras mulheres interessantes no festival deste ano, como a antropóloga Aparecida Vilaça, que reflete sobre a relação que teve com um indígena chamado Paletó; e a sensação do ano, a israelense Ayelet Gundar-Goshen


Nos bastidores, espero também beber muita cerveja e vinho, conversar com escritores (pretendo trazer novidades fresquinhas nas próximas colunas) e, claro, dar visibilidade ao meu próprio trabalho. No fim, é sempre uma festa comprida, na qual estaremos todos unidos (e Unidas!) em prol de mentes mais iluminadas e futuros menos obscuros. 


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