Escritores de hoje
- Redação

- 5 de abr. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de mai. de 2019
"Eu só leio os clássicos".
"Adoro Clarice, existe outra escritora brasileira?"
"Não sei nem quem são os escritores nacionais de hoje".
Pasmem: as frases acima foram escutadas por mim em algum momento da vida, inclusive de pessoas que querem se tornar escritores (as). Parece que há uma imensa cortina de fumaça escondendo do mundo real os vibrantes e jovens escritores que fazem a literatura acontecer no Brasil. Parece que, de tanto olhar para Machado e os realistas, os modernistas e os clássicos, o país se esqueceu de reverenciar os atuais.
Não estamos aqui falando de autores com a carreira consagradíssima que são, indiscutivelmente, medalhões da literatura e ainda estão conosco. Não é preciso de muito para nos lembrarmos de Rubem Braga, Lygia Fagundes Telles, Ignácio de Loyola Brandão – que, recentemente, tornou-se o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Mas há uma safra excelente de novos autores despontando todos os dias, escrevendo para todos os tipos de leitores. A vantagem? Eles são para lá de ativos nas redes sociais, além de acessíveis.
Separei aqui alguns dos meus preferidos (mas há muitos mais, tantos que nem caberiam nesta humilde coluna).
Vanessa Barbara

Sou grande (sem exageros) fã desta jornalista e escritora. Recentemente, saí em uma antologia organizada pela Revista Superinteressante que contava com a presença dela. Nem preciso falar o orgulho que foi. Vanessa Barbara (até hoje não sei se digo Bárbara, Barbara?) tem uma sólida carreira jornalística, é verdade, mas seus contos, crônicas e romances são uma preciosidade. Destaque para O Louco de Palestra, Noites de Alface e – o meu preferido, por mostrar a dor de um relacionamento abusivo – Operação Impensável. Quem estiver curioso e quiser começar por uma crônica pode ler As coisas que restam, publicada no blog da Companhia das Letras.
Daniel Galera

Ok, tenho sentimentos conflituosos em relação ao Daniel Galera. Amei Barba Ensopada de Sangue, odiei Meia-noite e vinte (o mais recente romance dele). Amei Até o dia em que o cão morreu, odiei Mãos de cavalo. É tanto amor e ódio que eu não hesito em recomendá-lo para qualquer um que queira conhecer um escritor brasileiro de fibra. Porque Daniel Galera foi dessa turma que começou publicando em zines, que lutou para conquistar seu lugar ao sol – e conquistou. Seus livros refletem sobre uma angústia existencial muito própria da juventude, relembram memórias no sul do país desse gaúcho por afinidade. Ok, talvez eu ame o Daniel Galera mais do que odeie. Se quer começar, comece por Até o dia em que o cão morreu. Você vai tomar uma porrada e ver do que estou falando.
Raphael Montes

Sou suspeita para escrever sobre o Raphael, que é um amigo querido. Mas falando aqui bem diretamente e sem puxar sardinha, com todas as distâncias necessárias, este menino é um prodígio. Tudo bem, estamos quase nos trinta, mas continuamos meninos! Raphael é um escritor de suspense, um fã de policiais que nem se considera tão policial, e fabrica romances sangrentos, com uma pitadinha de sadismo e humor auto-referente. Sua marca, como é própria dos grandes mestres, são as reviravoltas. Quer ler um romance que vai te deixar de olhos estatelados e rindo feito um bobo com o final? Comece por Suicidas, depois vá a Jantar Secreto e visite O Vilarejo.
Noemi Jaffe

Toda vez que leio Noemi Jaffe, mesmo sem saber que foi Noemi Jaffe a escrever o texto, eu acabo me perguntando como uma pessoa pode escrever tão bem – e depois descubro, claro, que se trata dela. A autora se destaca pela prosa delicada que flerta com a poesia (adoro), e uma obsessão pela origem das palavras. Que baita mulher. Sugiro a leitura de Írisz: as Orquídeas. Dizem que Não está mais aqui quem falou, o mais recente dela, é uma coletânea de pequenos tesouros, mas ainda não li.
Gisele Mirabai

Para não dizer que eu só cito escritores já efetivamente consagrados, vou falar aqui de uma moça em ascensão. Gisele Mirabai venceu o 1º Prêmio Kindle de Literatura com o seu Machamba e merece todo o reconhecimento por isso. Contando em fragmentos espaçados no tempo a história de uma mulher que se vê em frangalhos, perdida em Londres e lembrando de Minas Gerais, este é um nome que vocês ainda vão ver por aí. Depois agradeçam a dica!





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