Salve às pequenas editoras e uma nova escritora favorita
- Redação

- 15 de mar. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de mai. de 2019
Na semana passada, o "Man Booker International Prize", um dos mais prestigiados prêmios literários de língua inglesa no mundo, anunciou seus 13 finalistas de 2019. Podem concorrer quaisquer obras traduzidas para o inglês britânico ou americano no ano anterior. A novidade deste ano é que, dos 13 títulos selecionados, apenas dois foram publicados por grandes editoras ou tradutores. A maior parte foi viabilizada por casas pequenas e independentes. Temos, inclusive, dois representantes da América Latina: o colombiano Juan Gabriel Vásquez, que concorre com a tradução de seu livro A forma das ruínas; e a argentina Samanta Schweblin, com Pássaros na boca.
Na lista, há expoentes de todos os lugares, da China à Polônia. Edições que fizeram sucesso em seus países de origem há nove, dez anos. Resgatados por pequenas editoras. Isso me trouxe uma reflexão, que aqui quero partilhar: é inevitável perceber que o mundo editorial e literário já não é a mesma coisa. No Brasil, é notável – a partir da decadência de grandes redes de livrarias como a Saraiva e a Cultura – o esforço das editoras independentes.
São os independentes que marcam presença e fazem corpo a corpo com os leitores nas feiras literárias. Que enviam remessas pelos Correios e tentam driblar a falta de visibilidade comercial – e essas editoras também estão conquistando seu respeito em prêmios como o São Paulo de Literatura e o Oceanos. Destaco os trabalhos da Moinhos, da Reformatório, da Patuá, dentre outras. Infelizmente, contudo, é muito difícil um escritor independente vender seus livros sem muito esforço e perseverança. O reconhecimento das premiações ajuda, mas é preciso também conquistar o respeito do leitor. As pequenas editoras produzem joias, acreditem!
Descobrindo Elizabeth Strout
Aproveitando o gancho de obras que se perdem no tempo e no limbo da tradução, queria falar um pouco sobre uma nova escritora que descobri, e que já entrou para o grupo das favoritas: a americana Elizabeth Strout. Embora tenha vencido o Pulitzer em 2009, com Olive Kiterridge, que inclusive virou série de TV pela HBO, ela só teve seu primeiro livro publicado no Brasil em 2016: Meu nome é Lucy Barton. Pela Companhia das Letras. E só no ano passado Olive Kiterridge ganhou uma versão em português.
Quanto desperdício! Essa autora é simplesmente espetacular. Devorei Olive Kiterridge, uma espécie de romance narrado em contos que variam no tempo e espaço, mas com uma variável em comum: a protagonista é a personagem do título, uma professora aposentada que, de alguma forma, influenciou a vida de várias pessoas em uma cidadezinha. Deve ser por isso que eu tenha amado Strout. Além da prosa delicada e lírica, que se repete em Meu nome é Lucy Barton, ela fala sobre pequenas cidades, sobre como os relacionamentos humanos nos afetam, sobre o impacto das decisões. Vale muito a pena e é minha dica da semana.





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